Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 28 de março de 2011

Pauta

            Depois de cinco anos a lidar com pautas todos os dias, elas tornaram-se parte de mim e comecei a olhá-las de maneira diferente. A professora Deolinda conseguiu esta fantástica proeza: fazer-me ver que a partitura não contempla apenas simples notas; ela apresenta um forte carácter social e é protagonista de maravilhosos momentos.
Uma, duas, três, quatro, cinco folhas… o que for! Uma pauta (ou pentagrama) é constituída por uma sequência de notas dispostas de modo a formarem uma melodia. Partitura. Ao tocar piano, viola, flauta ou qualquer outro instrumento, a pauta é por onde se orienta o músico.
Clave de sol, clave de fá. Onde repousa cada nota e a definição do seu lugar. As cinco linhas que constituem a estrada por onde se apresenta cada mistério, onde a sua transformação em música exige uma nova linguagem, a linguagem musical. A pauta é a materialização desta linguagem e, por sua vez, da música, produto final resultante da análise da partitura. Notas agudas, notas graves. O despertar das emoções, o proporcionar de momentos de euforia ou de nostalgia. Uma pauta serve todos os concertos, do rock ao clássico. Dó, ré, mi, a marcar o início do tema musical do filme “Música no Coração”. Colcheias, semínimas e semicolcheias a fixar o ritmo. Calmo, acelerado, alegre ou triste. Pausas e tempos. Sustenidos e bemois, a oferecer consistência à melodia, percalços na linearidade do caminho por onde segue a música. Barra final. A repetição ou o final, o fim do mistério, o fim da estrada por onde caminhava alegremente a melodia. Necessários e úteis para um ritmo verdadeiro.
Todos estes símbolos unem-se e conferem à música a dinâmica musical desejada por quem a elabora. Ritmo, intensidade e altura são definidos pela posição das notas.
Por sua vez, a pauta musical tem inscrito nela fortes regras que devem ser realmente cumpridas. Ela transporta na perfeição aquilo que é o seguimento de uma música, os seus pontos fortes e fracos. Ritmo, resultante da boa combinação entre sons e silêncios.
Assim, a partitura comporta um código universal, passível de ser interpretado por todos os que o conhecem. Em qualquer parte do mundo um dó é um dó e um lá é um lá. Europa, África, Ásia, Oceânia ou América partilham o mesmo código musical e conseguem levar as suas composições a qualquer canto do planeta. Porém, esta é também símbolo de mistério, tanto para aqueles que não conhecem a linguagem musical como para os próprios músicos que, ao estudarem pela primeira vez a pauta, nunca sabem o que vem a seguir. Expectativa a alimentar o sonho.
Bach, Vivaldi e Mozart são três grandes compositores. Juntos deixaram à Humanidade um grande repertório, fonte de estrondosos sucessos e de melodias que ainda hoje, passados séculos, permanecem vivas na memória do mundo.
As pautas vieram preencher um vazio. Se elas não existissem, os grandes compositores não as poderiam ter deixado para os outros, os de hoje, que querem aprender e seguir os seus exemplos. Os actuais interpretes conseguem assim tocar as verdadeiras melodias elaboradas pelos maravilhosos génios musicais. O pentagrama, como nós o conhecemos hoje, não é o mesmo que existia antigamente; este foi sofrendo algumas alterações e algumas figuras musicais perderam-se no tempo, algures em qualquer parte.
Sem nos apercebermos, a partitura faz parte do dia-a-dia de cada um. Por detrás de cada música que ouvimos ela está presente e serve de base para os nossos momentos de felicidade ou de tristeza. A pauta, como representação gráfica da música, passa diversas vibrações a quem a toca ou a quem ouve a sua melodia.

Sem comentários:

Enviar um comentário