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terça-feira, 29 de março de 2011

Lisboa bela e...cara!

Lisboa é uma cidade lindíssima. Não restam dúvidas. Todos os dizem, aqui ou em qualquer parte.
Em vários cruzeiros vindos das diversas partes do globo, Lisboa é uma cidade de paragem obrigatória. Basta ir ao Cais do Sodré, passear junto ao rio em Belém, para se ver atracadas verdadeiras cidades flutuantes. Durante quase todo o ano, somos invadidos por milhões de turistas que passam pelas ruas da Baixa com um ar surpreendido e tiram fotografias ao mais simples objecto.
Os monumentos, vistos do lado de fora, deixam qualquer um de “boca aberta”. Mas do lado de dentro...não sei! É isso mesmo que acabaram de ler. Do lado de dentro não sei como são a grande maioria dos monumentos nacionais. E a culpa é do elevado preço que pagamos para os ver. Mas afinal, eles são ou não nossos? São parte do nosso património e da mesma maneira que é uma vergonha eu não conhecer o Palácio da Pena, é igualmente uma vergonha o exegerado preço que se paga para o visitar. Tudo bem que à medida que os anos vão passando, os monumentos vão precisando de restaurações. Mas se não fossem os turistas não sei quem mais os poderia visitar.
Sempre que passeio por Belém, tenho o hábito de ir ao Mosteiro dos Jerónimos. Simplesmente porque gosto. É admirável toda a sua imponência, olhar para ele e saber que alguém acartou grandes pedras às costas para o edificar, para nós hoje o podermos admirar, mas só por fora claro! Apenas entro na igreja, vejo os túmulos de Vasco da Gama e Luís Vaz de Camões e está feita a visita. Na fila para a bilheteira só oiço inglês, alemão, espanhol, italiano e muitas outras quem nem consigo decifrar.
Numa altura em que se ouve imensos discursos políticos sobre a preservação dos monumentos nacionais e o rico património cultural de Portugal, devia-se pensar seriamente em reduzir as tarifas dos museus. Não temos problemas nenhuns em afixar uma tableta num determinado monumento a dizer que é património mundial, porque fica bem e mostra aos outros o quanto somos bons. Mas Lisboa não é só turismo.
Lisboa é admirável, sim, mas não só para os estrangeiros! Acredito que alguns conheçam melhor os monumentos nacionais do que eu, mas não é por falta de vontade.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Pauta

            Depois de cinco anos a lidar com pautas todos os dias, elas tornaram-se parte de mim e comecei a olhá-las de maneira diferente. A professora Deolinda conseguiu esta fantástica proeza: fazer-me ver que a partitura não contempla apenas simples notas; ela apresenta um forte carácter social e é protagonista de maravilhosos momentos.
Uma, duas, três, quatro, cinco folhas… o que for! Uma pauta (ou pentagrama) é constituída por uma sequência de notas dispostas de modo a formarem uma melodia. Partitura. Ao tocar piano, viola, flauta ou qualquer outro instrumento, a pauta é por onde se orienta o músico.
Clave de sol, clave de fá. Onde repousa cada nota e a definição do seu lugar. As cinco linhas que constituem a estrada por onde se apresenta cada mistério, onde a sua transformação em música exige uma nova linguagem, a linguagem musical. A pauta é a materialização desta linguagem e, por sua vez, da música, produto final resultante da análise da partitura. Notas agudas, notas graves. O despertar das emoções, o proporcionar de momentos de euforia ou de nostalgia. Uma pauta serve todos os concertos, do rock ao clássico. Dó, ré, mi, a marcar o início do tema musical do filme “Música no Coração”. Colcheias, semínimas e semicolcheias a fixar o ritmo. Calmo, acelerado, alegre ou triste. Pausas e tempos. Sustenidos e bemois, a oferecer consistência à melodia, percalços na linearidade do caminho por onde segue a música. Barra final. A repetição ou o final, o fim do mistério, o fim da estrada por onde caminhava alegremente a melodia. Necessários e úteis para um ritmo verdadeiro.
Todos estes símbolos unem-se e conferem à música a dinâmica musical desejada por quem a elabora. Ritmo, intensidade e altura são definidos pela posição das notas.
Por sua vez, a pauta musical tem inscrito nela fortes regras que devem ser realmente cumpridas. Ela transporta na perfeição aquilo que é o seguimento de uma música, os seus pontos fortes e fracos. Ritmo, resultante da boa combinação entre sons e silêncios.
Assim, a partitura comporta um código universal, passível de ser interpretado por todos os que o conhecem. Em qualquer parte do mundo um dó é um dó e um lá é um lá. Europa, África, Ásia, Oceânia ou América partilham o mesmo código musical e conseguem levar as suas composições a qualquer canto do planeta. Porém, esta é também símbolo de mistério, tanto para aqueles que não conhecem a linguagem musical como para os próprios músicos que, ao estudarem pela primeira vez a pauta, nunca sabem o que vem a seguir. Expectativa a alimentar o sonho.
Bach, Vivaldi e Mozart são três grandes compositores. Juntos deixaram à Humanidade um grande repertório, fonte de estrondosos sucessos e de melodias que ainda hoje, passados séculos, permanecem vivas na memória do mundo.
As pautas vieram preencher um vazio. Se elas não existissem, os grandes compositores não as poderiam ter deixado para os outros, os de hoje, que querem aprender e seguir os seus exemplos. Os actuais interpretes conseguem assim tocar as verdadeiras melodias elaboradas pelos maravilhosos génios musicais. O pentagrama, como nós o conhecemos hoje, não é o mesmo que existia antigamente; este foi sofrendo algumas alterações e algumas figuras musicais perderam-se no tempo, algures em qualquer parte.
Sem nos apercebermos, a partitura faz parte do dia-a-dia de cada um. Por detrás de cada música que ouvimos ela está presente e serve de base para os nossos momentos de felicidade ou de tristeza. A pauta, como representação gráfica da música, passa diversas vibrações a quem a toca ou a quem ouve a sua melodia.